O Centro é lindo. Lindo na variedade. No exotismo. Na decadência. Foi uma mistura doce, com cheiro de pastel com suco por cinquenta centavos. Mistura amarga na dor das pessoas que pediam pra viver. Mas continuava lindo, nos olhos do novo. E a gente andava e descobria as pequenas coisas, escondidas nas estruturas antigas. No sabor da comida, sem saber a quem seria servida. Foi uma desmistificação, que pra mim nem era muita. Eu só achava que não ia encontrar aquilo. Foi a felicidade de achar o que queria, de economizar, de poder viver aquela realidade instantânea. Foi a chuva, a poça, a procura e o empanado de camarão de dois reais. Lembrança de quando eu era pequeno, e andava agarrado no braço da minha mãe pra atravessar aquelas ruas. De procurar o lugar das fotos 3x4 de dois reais. É parte da minha infância guardada naquelas ruas. Alívio, de chegar em casa, e ver que era aquilo que eu tinha vivido.